27 de nov. de 2013

Alice: Madness Returns

Título original: Alice: Madness Returns
Gênero: Ação/Plataforma, Horror
Classificação: Mature/Maiores de 17 anos
Número de jogadores: 1
Lançamento: 14 de Junho de 2011
Produzido por: Spicy Horse
Distribuído por: Electronic Arts (EA)
Plataformas: PlayStation®3, XBox 360 e PC

Site Oficial

Sinopse:
Alice: Madness Returns mergulha fundo no lado obscuro e violento da imaginação, criando um País das Maravilhas assustador onde Alice deve enfrentar os demônios que assombram suas visões. Visite a realidade sinistra da Londres Vitoriana e então viaje ao belo porém macabro País das Maravilhas para revelar a raiz da loucura de Alice e descobrir a verdade por trás de um segredo mortal, mantido escondido por anos.

Vai lendo!

Também conhecido como American McGee's Alice 2, esse é obviamente o segundo jogo da série idealizada por American James McGee. O primeiro jogo já foi consagrado um tempo antes, baseado na obra do mesmo autor, porém ele não será contemplado nessa análise.
O segundo jogo continua de onde o antecessor parou (e aqui cabe um resumo): Alice vivia com os pais e a irmã, mas um incêndio reduziu sua casa a cinzas e acabou por deixá-la órfã. Tentou suicídio cortando os pulsos, foi internada em um hospício e algum tempo depois conseguiu sair dele. Após viver 11 anos em um orfanato, Alice vem tentando entender a origem de sua loucura e o porquê da criação de uma realidade alternativa tão bizarra e distorcida.

TRAILER



Na história, Alice participa das sessões de hipnose do Dr. Angus Bumby, que quer ajudá-la a esquecer os eventos traumáticos do seu passado. Apesar de achar que está curada, alucinações referentes ao País das Maravilhas voltam a surgir. Alice acha que a culpa pelo País estar em ruínas é dela e o Dr. tenta fazê-la entender ou aceitar os fatos. Você alterna entre momentos no mundo real e viagens pelos mundos do País, com personagens bem conhecidos como o Gato Sorridente/Cheshire, o Chapeleiro Maluco, a Lagarta e, claro, a Rainha Vermelha/Rainha de Copas.


Os cenários do jogo são, na falta de uma palavra melhor, esplêndidos. O que os tornam tão bonitos não é nem a resolução em si, mas sim a composição deles: florestas distorcidas, casas com arquitetura esquisita, locais com cores impossíveis e inimigos bizarros. É realmente uma versão de Alice imaginada por uma mente perturbadamente bela. Destaque especial para a fase toda em estilo Oriental e os cenários em 2D com estilo "papel". Quase extrapolando o surreal, as visões também são bem sangrentas, porém sem que isso soe gratuito devido ao estilo cartunizado do jogo.


No controle de Alice você começa explorando o orfanato e encontra um gato branco, que passa a seguir (clara alusão ao Coelho Branco). Quando as alucinações começam você conhece o lado bizarro do jogo e passa a usar roupas diferentes (a primeira delas é igual à do primeiro jogo). Cada mundo terminado libera uma roupa que pode ser escolhida no menu inicial do jogo. Conforme avança pelas fases você encontra o Gato, que dá dicas de como seguir (ou simplesmente diz frases de efeito estranhas), e também desenvolve habilidades/encontra armas.

A arma principal de Alice é a Lâmina Vorpal/Vorpal Blade (variação da Espada Vorpal), mas há outras como o Moedor de Pimenta (Pepper Grinder), o Canhão de Chá (Teapot Cannon), o Cavalo de Madeira (Hobby Horse), a Bomba-Relógio (Clockwork Bomb) e o Guarda-Chuva (Umbrella), cada um com uma utilidade diferente em um momento do jogo. Em cada mundo, também, Alice aparece com uma roupa diferente.

Outra habilidade de Alice é a de encolher, usando o chamado Sentido de Encolhimento (Shrink Sense). Enquanto está encolhida, tudo fica arroxeado, Alice pode atravessar por fendas pequenas em forma de buracos de fechaduras nas paredes e, além disso, o Sentido torna visível locais e plataformas antes invisíveis. Logo após descobrir essa habilidade, garanto que você passará a usá-la enlouquecidamente durante o jogo todo, pois é viciante e agoniante querer descobrir todos os locais secretos.

Durante as fases você pode (e deve!) manter os ouvidos atentos: se ouvir o som de um porco roncando, procure ao redor por um focinho preso a uma placa de madeira ou voando. Mire com o moedor de pimenta e acerte-o até que ele infle e desapareça para revelar um caminho secreto (abrir portas ou tornar determinadas plataformas acessíveis). No final do caminho você geralmente recebe uma bela recompensa ;D


Os inimigos são variados. A base deles é uma matéria negra chamada de Ruína (Ruin), que dá origem a outros inimigos (geralmente amontoados de Ruína com rostos ou cabeças de bonecas de porcelana). Quanto maior o inimigo, mais difícil de matar e mais fortes seus ataques. Você vai encontrar também bules com um olho, libélulas em forma de parafuso (ou vice-versa), bonecas gigantes, caranguejos com canhões, vespas samurais, entre outros bichos esquisitões.

A energia é mostrada na tela através de rosas vermelhas (tudo sempre pertinente à história original), cada uma com quatro "pedaços" de energia. Inimigos mortos podem deixar rosas para encher sua energia. Quando Alice está com apenas uma rosa é possível ativar o modo chamado de Hysteria. É simplesmente o melhor momento do jogo todo que, obviamente por ser tão legal e letal, não dura muito (um círculo aparece ao lado da barra de energia e vai se esvaindo aos poucos). Durante a Histeria Alice explode em fúria, fica invencível, seus golpes tiram mais energia e todos os cenários ficam sem cor exceto apenas pelo que é vermelho (o contraste somente do vermelho aparecendo, inclusive nos cenários, enche os olhos e dá vontade de fazer a Histeria durar para sempre! :D).

Um elemento que infelizmente não é bem explicado durante o jogo são as Lilases (flores — sim, Lilás é o nome de uma flor). Em alguns pontos você vê uma pequena flor lilás (entendeu? ;D) no chão e, geralmente, precisa usar o Sentido de Encolhimento. Se você subir na lilás, encolher e mantiver pressionado o botão de encolher, a energia de Alice encherá aos poucos. Ao soltar o botão, a flor sumirá e alguns dentes aparecerão.

Outros itens encontrados durante o jogo são:
- Dentes (Teeth): usados para melhorar as armas (você troca certa quantidade de dentes por um upgrade). Um dente branco vale 1, um dente dourado vale 5 ou 10;
- Memórias (Memories): apresentam certos fatos e revelações da trama que ajudam a entendê-la melhor;
- Garrafas (Bottles): semelhantes às Memórias, porém não adicionam informações. Juntar todas faz com que o jogo libere artes conceituais e biografias dos personagens no menu de Extras ;
- Salas Rádula (Radula Rooms): locais escondidos, dentro de conchas gigantes, que apresentam desafios (perguntas, quebra-cabeças ou batalhas). Completá-los pinta uma parte de uma rosa de vermelho. Ao completar as quatro partes, uma rosa extra é adicionada à sua barra de energia.

A jogabilidade em si é simples e eficaz. Você percorre os cenários, pula pelas plataformas (esqueci de mencionar esse detalhe: Alice tem pulo, pulo duplo, triplo e pode planar entre eles), mata os inimigos, coleta itens e resolve alguns enigmas. Em alguns deles você precisa pensar um pouco mais, mas nada que seja absurdo, bem longe disso. Em outros você deve usar as armas disponíveis para manter um mecanismo funcionando e conseguir seguir (exemplo: as partes onde você joga a Bomba Relógio para manter um botão pressionado no chão). Até onde eu lembro não existe nenhuma parte que seja tão difícil a ponto de dar vontade de desistir.


A trilha sonora acompanha o estilo do jogo: bonita, distorcida e com temas que grudam na cabeça. Foi composta por Jason Tai, Chris Vrenna e com temas de Marshall Crutcher (você vai reconhecer facilmente as músicas dele: são todas com solos de cello ou violino, incluindo o tema oficial do jogo). Os efeitos sonoros também são extremamente competentes e bem colocados.

Alice: Madness Returns é um jogo absurda e altamente recomendável. É tão envolvente e bizarro (e talvez por isso tenha me agradado tanto) que você mal percebe o tempo passando. A jogabilidade tem uma ou outra falha minúscula, mas de maneira alguma você sente que isso incomoda ou estraga a experiência. Longo o suficiente, com uma história conhecida e distorcida que te prende, consegue não se arrastar nem terminar rápido demais. A cada nova fase você fica extasiado(a) com a criatividade da equipe de designers, que criou ambientes bizarros, assustadores e bonitos ao mesmo tempo. Com a parte visual, sonora e narrativa convincentes, todos os fãs da história original devem jogar.

Nota: 10


ALÉM DO ESPELHO:

- Alice: Madness Returns definitivamente não é um jogo para crianças. Possui conteúdo violento, psicologicamente perturbador, sangue e linguagem considerada ofensiva (o que justifica a classificação de 17 anos);
- A história do jogo se passa onze anos após o primeiro. É exatamente o mesmo período de tempo entre o lançamento dos jogos;
- Os elementos foram retirados das obras Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho e O Que Ela Encontrou Por Lá (também conhecido por Alice No País Dos Espelhos), ambas criadas por Charles Lutwidge Dogson (sim, esse é o nome real de Lewis Carroll :P);
- O jogo foi completamente desenvolvido por uma equipe de produção em Xangai, na China. O estúdio Spicy Horse foi o responsável pelo desenvolvimento e a Electronic Arts apenas o distribuiu (produto exportação, baby! ;D);
- No menu inicial há algumas opções que ficam disponíveis e/ou são atualizadas conforme seu progresso no jogo. As roupas são desbloqueadas quando você termina um determinado "mundo" e é possível vesti-las para passar as outras fases. As artes e biografias dos personagens também são abertas conforme seu progresso;
- Há disponível o Alice: Madness Returns™ Ultimate Edition, que é a versão completa do jogo. Ela traz todos os DLCs, ou seja, novas armas, roupas e inclui também a versão completa do primeiro American McGee's Alice. Existe em versão física (a mídia traz um código para o download do primeiro jogo e os demais conteúdos) e em versão digital (já vem com todo o conteúdo bônus);
- O criador do jogo, American McGee, mostrou interesse em desenvolver uma continuação. Para isso, criou um Kickstarter (um site usado para levantar fundos para um projeto criativo) e, pasmem, em menos de um mês arrecadou dinheiro suficiente para o projeto! Batizado de Alice: Otherlands, ele atingiu o objetivo em 4 de Agosto e dizem já estar em desenvolvimento, ou seja, vem mais Alice por aí! :D

3 comentários:

  1. Muitos esperavam que Madness Returns apenas recauchutasse o primeiro, e como essa era a expectativa, foi isso que muitos viram… Mas para quem só jogou o primeiro agora, como brinde de Madness Returns, está claro que o novo Alice é um salto enorme de qualidade em vários aspectos – e não serão alguns bugs gráficos bem ocasionais que diminuirão o brilho da direção de arte, da jogabilidade mais elaborada, e da beleza da jornada como um todo.

    ResponderExcluir
  2. Madness Returns. Ele pode não ser tão chamativo, em termos técnicos, quanto outros jogos modernos… Mas a direção de arte e a jogabilidade, que maravilha! (pun intended) O jogo vale a pena só pelos cenários, mas há mais. A trilha, por exemplo, é tão marcante quanto a anterior, embora seja um pouco mais convencional. A bizarrice do País das Maravilhas é mais alucinógena e menos macabra em partes – isto é, acaba sendo ainda mais diversa agora. E a jogabilidade… Ah, quanta diferença: os saltos, a trava de mira, as armas, a criatividade das interações, a possibilidade de encolher e encontrar passagens secretas, a esquiva em que Alice se transforma em flores, o modo Hysteria, a busca por memórias perdidas e outros itens colecionáveis, a diversidade dos inimigos… Tudo em Madness Returns, parece superar o jogo anterior pra mais de metro.

    ResponderExcluir
  3. Alice: Madness Returns. Não que ele seja menos perturbador por conta da inspiração em Carroll, ou por estrelar uma menina. Muito pelo contrário. Com uma jogabilidade aprimorada em relação ao anterior, American McGee’s Alice - afinal, já faz dez anos que ele foi lançado – Madness Returns não apenas te mantém jogando pela sua direção de arte e por te deixar curioso sobre o que vai acontecer, como também pela experiência geral, principalmente se você gosta de Zelda.

    ResponderExcluir

• Faça pedido de parceria somente na página reservada para isso.

Não aceitamos comentários ofensivos. Se quiser criticar a postagem, critique com educação.

Spams não serão aceitos. Aqui não é lugar para você divulgar seu site, blog ou seja lá o que for.

• Lembre-se de que o Vai Assistindo possui mais de um autor. Portanto, a crítica de cada um deles não expressa a opinião de todos os outros autores. Procure ver logo abaixo do título de cada postagem o nome do autor que a criou.

• As opiniões expressas nos comentários não refletem as dos autores do blog.