30 de mai. de 2017

Twin Peaks - Terceira Temporada

Título original: Twin Peaks
País de origem: Estados Unidos
Ano de lançamento: 2017
Gênero: Série/Mistério/Policial/Surreal
Classificação etária: 16 anos
Duração: aproximadamente 55 minutos por episódio
Episódios disponíveis: 4 de ??
Lançamento: 22 de maio (Brasil), 21 de maio (EUA)
Roteiro: David Lynch e Mark Frost
Direção:  David Lynch
Distribuição: Showtime

Elenco:
Kyle MacLachlan — Dale Cooper
Sheryl Lee — Laura Palmer
Mädchen Amick — Shelly Johnson
Kimmy Robertson — Lucy Moran
[ver mais]

Sinopse: Continua 25 anos depois que os habitantes de uma pitoresca cidade do nordeste são atordoados quando sua rainha do baile é assassinada.

Vai Lendo!

OK, preciso me controlar um pouco dessa vez para não escrever outro textão, mas confesso que será difícil, já que vou falar da minha série favorita. Ou melhor, apenas da terceira temporada dela...
Nesse caso não dá pra fazer um texto sem explicar os porquês ou comparar com outros pontos das temporadas anteriores, então deixo o clássico aviso: VAI TER SPOILERS (bem leves, mas vai). Vou manter o nível de imagens ao mínimo para não estragar as surpresas. Pegue seu café, suas rosquinhas e bora lá!


Não cheguei a conhecer/assistir Twin Peaks na época em que a série saiu (meados de 1990~1991), só fui descobrir sua existência um bom tempo depois. Além de ser uma das influências declaradas de Silent Hill, ele tem elementos que sempre me agradaram em qualquer série, filme ou jogo: cidade pequena rodeada por uma floresta, ambiente misterioso, neblina, clima quase sempre nublado ou cinza e cenas bizarras e surreais.
A primeira temporada foi excelente, a segunda deu uma patinada feia e um tropeção mais feio ainda e acabou meio que forçadamente. Daria trabalho explicar tudo, mas vamos resumir: David Lynch e Mark Frost foram forçados a escrever episódios e a terminar a série contra sua vontade, o que resultou em episódios sem nexo e algo que estragou tudo: explicaram o mistério da cidade. Some a isso alguns diretores que não eram David Lynch e levaram a série a uma direção totalmente errada.

Vinte e sete anos depois, ambos os criadores resolveram trazer a série de volta. Na verdade o projeto já estava de pé há algum tempo, mas alguns obstáculos acabaram adiando o lançamento para 2017, contrariando uma frase meio profética (essa da imagem à esquerda) que ficou famosa na primeira temporada: "Te vejo novamente em 25 anos". O plano original era, acredito eu, realmente voltar em 2015, mas como disse, isso acabou não acontecendo (para desespero dos fãs alucinados como eu 😝).

Algum tempo depois finalmente foi anunciada a data de estreia: 21 de maio de 2017, transmitido pela Showtime nos Estados Unidos, a mesma rede que transmitiu as outras temporadas. Aqui no Brasil ainda era incerto como iríamos assistir, mas obviamente os planos envolviam baixar de algum lugar.
O que ninguém esperava é que a linda da Netflix anunciasse 3 dias antes que transmitiria os episódios inéditos com apenas UM DIA de atraso em relação aos originais, inclusive com dublagem!
Foi uma semana de agonia intensa, minha ansiedade extrapolando os limites que eu conhecia e o medo de ver minha série favorita ser estragada. Saber que o próprio Lynch dirigiria todos os episódios já me deixou bem mais aliviado, mas mesmo assim, é sempre bom ficar com um pé atrás (aprendemos isso da pior forma, infelizmente). Minha linha do tempo no Facebook foi basicamente Twin Peaks, uma postagem atrás da outra.

Dia 22 chegou, mas eu estava trabalhando no horário em que o primeiro episódio foi ao ar. 3 horas depois cheguei em casa, preparei o café, subi voando e colei na frente da TV. Coração a mil, quase saindo pela boca, e a certeza de que a nostalgia iria me acertar e eu definitivamente iria chorar enquanto assistisse (acho uma besteira enorme isso de dizer "suar pelos olhos" ou "derramar lágrimas masculinas"... qual o problema em dizer CHORAR? 😒).

Comecei a assistir e literalmente 30 segundos depois...

...começa a música da abertura, já com as cenas novas da mesma. Foi fatal, eu não sabia se a cachoeira era na série ou nos meus olhos 😂
Só quem é tão fã de alguma coisa conhece a sensação de rever algo que te marcou tanto, retornando depois de tanto tempo, trazendo de volta toda a nostalgia simplesmente durante a abertura. Os dois primeiros personagens que aparecem são icônicos (como se algum deles não fosse...) e já começam com uma cena "Lynchesca" de dar gosto. Daí em diante, é disso pra melhor! 🙌

Vemos cenas de locais tradicionais da série, intercaladas com outras em locais mais "modernos" como o centro de Nova York. Essa mistura poderia dar errado, já que nos acostumamos a ver duas temporadas apenas focadas na cidadezinha que dá nome à série, porém os acontecimentos bizarros que Lynch colocou para amarrar as cenas deram muito certo e elas não parecem deslocadas no contexto.

OK, mas e Laura Palmer? 🤔
Calma, criatura! Se você assistiu a segunda temporada inteira, sabe que a trama central (o assassinato de Laura) foi "resolvido" e teve certo desfecho, portanto seria necessário criar outro mistério para atrair os espectadores. Na falta de um, vemos logo três ou mais que nos deixam curiosos e morrendo de vontade de assistir tudo. Não que Laura não apareça, mas o foco não é mais ela (vou evitar maiores detalhes).

Mais ou menos aos 43 minutos uma pequena cabana é mostrada. A cena a seguir foi a que me acertou mais forte que um Shoryuken uma voadora no peito e não tenho vergonha nenhuma de admitir que tive que pausar, abraçar os joelhos e chorar, muito. Também vou evitar maiores revelações, só digo que certos fatos envolvendo a personagem e quem a interpreta voltaram com tudo e não deu pra resistir (aliás, resistir pra quê?).

Agora chega de ficar descrevendo o primeiro episódio, é melhor resumir tudo e dizer por que eu acredito que Twin Peaks voltou com tudo e tem tudo pra dar muito certo.
Temos praticamente todos os elementos que consagraram a primeira temporada: um mistério não resolvido, coisas bizarras acontecendo, personagens marcantes, a cidade em si e os locais típicos dela, cenas de fritar o cérebro, trilha sonora excelente de volta com Angelo Badalamenti (ainda bem!) e aquela atmosfera de desconfiança de todo mundo. A curiosidade é atiçada em vários momentos, seja por algo não decifrado ou simplesmente pelas cenas altamente WTF psicodélicas e surreais que Lynch nunca deixa de colocar em suas obras (ainda bem²!).

Alguns fãs podem estranhar um pouco a adição de cenas com nudez, mas é só lembrar do filme, Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer (Twin Peaks: Fire Walk With Me), e percebemos que isso já aparecia antes. O uso de sangue e cenas violentas também foi um pouco acentuado, dando um tom que não estava presente. Não são coisas necessárias, mas estão longe de serem gratuitas.
As tradicionais bandas alternativas/underground continuam aparecendo nos episódios, sempre com músicas que combinam com a série e lembram a época boa do Bang Bang Bar.

Então é tudo perfeito nos 4 primeiros episódios?
Infelizmente não. Claro que isso é subjetivo, mas eu reparei que nos episódios 3 e 4 há um excesso levemente irritante de cenas "esticadas demais". Coisas que poderiam facilmente acontecer em 5 minutos levam meia hora para se desenvolver, o que pode afastar um pouco quem não está acostumado com essas coisas do Lynch. A psicodelia/surrealismo das cenas é proposital e provavelmente também tem sentido subjetivo, logo não há como definir o significado delas sem entender como funciona a mente do mestre por trás da trama (sem desmerecer Mark Frost, sabemos bem que o responsável pelos momentos DORGAS é sempre o David Lynch).

Voltando à ativa, tanto com conteúdo típico quanto novo, a terceira temporada de Twin Peaks tem tudo para continuar dando certo. Ainda não sabemos se os criadores pretendem continuar em uma quarta temporada, e sinceramente espero que ela exista apenas se mantiver o padrão que vimos até agora. Chega de séries estendidas demais e que decaem muito com o tempo.
Se você é fã das antigas como eu, recomendo muito (e reforço: M U I T O!) que assista! Espere sair todos os episódios ou assista os que já saíram, faça uma maratona com as duas primeiras temporadas antes de começar a nova ou o que for, mas Twin Peaks é algo que definitivamente não pode passar em branco.

Twin Peaks vai ao ar no Brasil toda segunda feira às 4:00, pela Netflix, com dois episódios de cada vez.
(sim, às 4 da madrugada, então se você trabalha cedo na segunda, provavelmente terá que assistir depois, como eu fiz 😜)

Nota (0-10): 11 ok, 10!

☕️🍩
☕️🍩

CURIOSIDADES
🚨 é aqui onde os spoilers mais aparecem, cuidado! 🛑

- Praticamente todas as taras excentricidades de David Lynch aparecem já no primeiro episódio: cenas sem cor, falas ao contrário, cortinas vermelhas, telefones antigos (e especialmente pretos e vermelhos), criaturas distorcidas, música industrial como fundo, cenas quase sem diálogo, cenas de auto estradas apenas com faróis de carro e pessoas com características físicas acentuadas: muito pequenas, muito grandes, muito magras, muito feias, etc.;
- A garota que visita o rapaz no apartamento no primeiro episódio é bem conhecida de quem é mais velho assim como eu: é a garotinha que fez Grace, a filha mais nova do Sr. Sheffield no seriado The Nanny;
- É quase impossível não reconhecer o ator que faz o marido confuso, William Hastings, nos episódios 1 e 2: é Matthew Lillard, que já fez Hackers: Piratas de Computador, Pânico, 13 Fantasmas e, claro, o Salsicha do filme de Scooby-Doo;
- Certos atores não reaparecem em seus papéis antigos. Alguns deles faleceram antes das filmagens (como Jack Nance, que fazia Pete Martell, falecido em 1996) e outros, por algum motivo ainda não muito claro, não puderam/não aceitaram participar (como Michael Ontkean, o xerife Harry S. Truman). Há ainda os que participaram, mas faleceram pouco tempo depois (Miguel Ferrer, que fez o agente Albert Rosenfield);
- Há um jogo não tão conhecido que sempre recomendo a todos que gostam de Twin Peaks: Alan Wake, praticamente uma versão jogo da história (a maioria dos elementos está lá). Quem tiver a oportunidade, jogue e perceba as influências da trama 😉

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