Título Original: We Need to Talk About Kevin
País de Origem: Reino Unido / EUA
Gênero: Drama/Thriller
Classificação etária: Livre
Tempo de Duração: 112 minutos
Ano de Lançamento: 2011
Estreia no Brasil: 27/01/2012
Estúdio/Distrib.: Paris Filmes
Direção: Lynne Ramsay
Elenco:
Tilda Swinton como Eva Katchadourian;
Ezra Miller como Kevin Katchadourian;
John C. Reilly como Franklin Plaskett;
Ashley Gerasimovich como Celia Katchadourian;
Siobhan Fallon como Wanda;
Alex Manette como Colin;
Jasper Newell como Kevin (6-8 anos);
Rocky Duer como Kevin (criança).
Sinopse: Eva (Tilda Swinton) mora sozinha e teve sua casa e carro pintados de vermelho. Maltratada nas ruas, ela tenta recomeçar a vida com um novo emprego e vive temorosa, evitando as pessoas. O motivo desta situação vem de seu passado, da época em que era casada com Franklin (John C. Reilly), com quem teve dois filhos: Kevin (Jasper Newell/Ezra Miller) e Celia (Ashley Gerasimovich). Seu relacionamento com o primogênito, Kevin, sempre foi complicado, desde quando ele era bebê. Com o tempo a situação foi se agravando mas, mesmo conhecendo o filho muito bem, Eva jamais imaginaria do que ele seria capaz de fazer.
Vai Lendo!
Mais uma vez: sei que esse filme não é terror. Está muito mais para drama, porém é classificado também como thriller, então aqui estamos! Vi há mais de um ano a atriz Tilda Swinton falando desse filme num talk show americano e lembro de ter achado muito interessante, só que esqueci de ir atrás do filme. Até que há umas duas ou três semanas um amigo me passou o tal do filme e resolvi assistir, pensando que seria um drama sobre uma mãe que odeia o filho com necessidades especiais. Bom, acabei me surpreendendo e posso dizer que assustando também.
O começo é estranho, pois não dá para entender por que Eva (Tilda Swinton) é tão odiada pelos vizinhos. E isso nos deixa angustiados. Mas sem problemas, essa sensação de angústia só vai aumentando com o desenrolar da trama. A cada flashback, a coisa piora. A cada lembrança que a personagem tem do passado, ficamos com ainda mais medo do que pode vir. São pouquíssimos os momentos tranquilos. Tudo só vai de mal a pior. "Por que a personagem está no fundo do poço?", você se pergunta inocentemente. E a resposta é ainda mais desagradável do que tudo que está acontecendo com ela.
Tilda Swinton ficou incrível no papel. Você olha para a cara dela e parece que toda esperança do mundo some. Ficamos triste pela e com a personagem. Ela conseguiu ter em seu rosto a perfeita expressão de alguém que desejaria não viver mais. Alguém que já perdeu todas as esperanças, toda a felicidade, toda vida. E isso torna tudo ainda mais bem feito, mais interessante e mais sufocante. Essa palavra, aliás, define todo o filme: sufocante. Do início ao final.
O jovem ator Ezra Miller (Kevin) também se saiu muito bem, assim como sua versão mirim Jasper Newell, que interpretou Kevin criança. Deu muita raiva e medo dos personagens. No geral, o elenco é de peso e todos atuaram brilhantemente.
A sweet little boy...
O filme aborda temas polêmicos e complicados. Talvez por isso seja tão sufocante. Tem a questão da mulher que não quer ter filhos, pois há em nossa sociedade a noção de que todas as mulheres tem "instinto maternal" e que todas sonham em ser mães. Só que não é bem assim. Existem muitas mulheres que não querem ter filhos e não tem um pingo do chamado "instinto maternal". Há mulheres que gostam de bebês, mas longe delas. Não é só porque é mulher que um dia terá que ser mãe. Esse não é o maior sonho de todas nós. Uma mulher é obrigada a ser mãe um dia? Uma mãe é obrigada a amar incondicionalmente o seu filho? Em Precisamos Falar Sobre Kevin, vemos que a coisa não funcionam bem assim... Nem todas querem ser mães e não é nada impossível que uma mãe odeie o seu filho.
Outro tema polêmico é a questão do transtorno de personalidade antissocial, a sociopatia. Kevin apresenta vários traços de um sociopata: inteligente, manipulador, mentiroso, carismático, teatral, não possui sentimento de culpa e não consegue criar laços afetivos verdadeiros. Ele é um amor com todos, por pura falsidade, pois lhe convém que todos o enxerguem assim. Com a mãe, ele é ele mesmo: perverso. O que a mãe pode fazer com um filho assim? Ainda hoje, os sociopatas são um grande problema em nossa sociedade.
Mas Kevin já nasceu um sociopata ou virou um pela forma que a mãe o tratava desde a gestação? Pelo que sei, ainda não se sabe exatamente por que existem sociopatas. Digo: em qual lugar exato no cérebro deles está a diferença que os faz serem do jeito que são. Há sociopatas em boas famílias, assim como tem aqueles que agravaram suas características após um trauma. Arrisco dizer que Kevin já nasceu um sociopata e teve seus traços agravados devido ao modo que a mãe o tratava. Ou talvez seja apenas um garoto confuso que desenvolveu traços sociopatas devido a rejeição materna. Mas vai saber, não entendo tanto do assunto assim. De qualquer maneira, tenha em mente que Kevin apresenta muitas características sociopatas e que lhe dar com uma pessoa assim não é nada fácil.
E a grande questão é: Eva foi realmente a culpada de tudo? Por um lado, ela nunca quis ter um filho e ela não é obrigada a amar seu próprio filho. Por outro, se ela tivesse se envolvido mais com o filho, ao menos conversando mais com ele e se interessado mais pelas coisas que ele fazia, ela poderia ter evitado tudo. Mas aí vem a questão dele já ser um sociopata. O que ela poderia ter feito em relação a isso? Nesse caso, a culpa não seria toda dela então. O que acho: ela tem culpa sim, mas não é tudo culpa dela.
O filme é muito bom, muito interessante e muito sufocante. Também é extremamente bem feito, tendo uma trilha sonora ótima e sequências bem boladas. Não recomendo para aqueles que estão passando por uma fase ruim na vida e estão se sentindo tristes, pois esse filme meio que acaba com todas as esperanças que você tenha por qualquer coisa. Precisamos Falar Sobre Kevin ficará grudado em sua memória por um bom tempo. Outro filme legal que aborda a sociopatia é o famoso O Anjo Malvado, com Macaulay Culkin e Elijah Wood.
Nota (0-10): 9
Onde comprar o livro: Saraiva e Cultura (Precisamos Falar Sobre Kevin de Lionel Shrive, livro no qual o filme foi inspirado).
TRAILERS
Música: Everyday, por Buddy Holly. Também tocada no filme Mr. Nobody (2009).
PRÊMIOS
GLOBO DE OURO
2012
Indicação
Melhor Atriz - Drama - Tilda Swinton
BAFTA
2012
Indicações
Melhor Filme Britânico
Melhor Diretor - Lynne Hamsey
Melhor Atriz - Tilda Swinton
FESTIVAL DE CANNES
2011
Ganhou
Menção Especial ao Mérito Técnico
FESTIVAL DE LONDRES
2011
Ganhou
Melhor Filme
EUROPEAN FILM AWARDS
2011
Ganhou
Melhor Atriz - Tilda Swinton
UM POUCO MAIS SOBRE O FILME (CONTÉM SPOILER!)
- Por que Kevin fez o que fez? Além da grande possibilidade de ser um sociopata e blábláblá, ele fez tudo aquilo porque sabia que a mãe o odiava e de alguma forma isso o machucava. Portanto a ideia provavelmente foi "se não posso ser feliz, ela também não será". Ele tinha raiva da vida "perfeita" da mãe. Ela o odiava, ela tinha que pagar por isso. E pagar como? Ele tiraria toda a felicidade dela. Ele fez questão de destruir completamente tudo que a fazia feliz. Eva acabou. Perdeu o ótimo emprego, a excelente casa, o marido e a filha que tanto amava. Kevin fez questão de tirar tudo. Foi meio que uma vingança e talvez uma forma também de chamar a atenção da mãe para esse desespero nele.
- O que achei de estanho na história toda? Primeiro: Eva ter um filho daquele jeito e nunca ter procurado um psiquiatra, neurologista ou psicólogo. Ela, como uma mulher moderna e instruída, certamente levaria seu filho em um especialista, tendo em vista todas as peculiaridades do moleque: usar fralda já grande, falar coisas obscenas na maior naturalidade e principalmente, sua "mudança de personalidade" quando estava a sós com a mãe. Por favor né, só do moleque tá grande e usando fraldas já era motivo para levar pra terapia!
Segundo: um sociopata tendo um motivo para fazer coisas ruins? E ainda um motivo que envolve sentimentos? Isso me pareceu estranho. Digo, Kevin só fez o que fez porque a mãe não o amava. Se ela o amasse, então ele não faria nada de errado? Seria um sociopata 100% bonzinho? Pois a noção que temos do filme é de que ele já era um sociopata, já que agia daquele jeito desde bem pequeno. O fato da mãe odiá-lo impulsionou muita coisa, mas o moleque já era ruim. Uma hora ou outra, ele faria algo ruim para benefício próprio (até por pura diversão) e não teria nada haver com sua mãe.
O que estou querendo dizer é que, pelo que sei sobre o assunto (o que é pouco...), um sociopata não precisa de motivos para agir contra a sociedade. O filme ficou meio confuso ao querer mostrar que o garoto era sociopata desde pequeno, mas fez tudo o que fez porque queria que a mãe o amasse (veja que no final ele finalmente abraça ela, depois de perceber que ela o ama). Seria melhor se só tivessem mostrado que ele fez tudo aquilo porque também a mãe o odiava e não porque ele queria o amor dela (afinal, ele nem sentimentos tem direito, pra quê querer o amor da mamãezinha? ¬¬). Por isso na crítica disse que ele talvez seja apenas um garoto confuso, que desenvolveu características sociopatas devido a rejeição da mãe, mas tudo o que queria era receber o amor materno...
Adorei a critica, estou com muita vontade de ver esse filme, depois que eu assistir eu posto outro comentário aqui :) Eu gosto desses filmes meio sombrios, mas realmente tem que estar de bem com a vida.
ResponderExcluirDeixas-te me com uma grande vontade de ver esse filme, vou ver se o alugo; P.S. não sei bem porque mas acho o titulo muito apelativo
ResponderExcluirRealmente as explicações do filme não existem, e o pouco que ele tenta explicar é meio confuso, porém acredito que essa era a idéia, realmente confundir o expectador tentar explicar mas sem se aprofundar, visto que o transtorno da sociopatia não tem realmente nenhuma explicação científica! Ótimo filme, e concordo que só não é bom assistir quem meio que desistiu da vida.
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