21 de out. de 2012

Silent Hill 2 (Sairento Hiru 2)



Estou de volta com mais uma crítica de Silent Hill, dessa vez (obviamente) do segundo jogo da saga. Agora não é necessário desenrolar todo o histórico, então não vou demorar muito com introduções (mas quem quiser pode ler o início da crítica anterior) e vamos direto ao assunto!





Dois anos após o lançamento de um jogo que mudou a forma como os jogos orientais de horror eram vistos no Ocidente, a Konami anuncia Silent Hill 2. Na ocasião era o primeiro da série a ser lançado no PlayStation®2 e também em outras plataformas, e todos queriam muito saber logo a trama e ver que (r)evoluções ele traria.






Assim que a história foi anunciada percebemos que não era uma continuação direta do primeiro jogo, pois o protagonista não tinha relação alguma com os outros. James Sunderland era um homem comum que recebeu uma carta de sua esposa, Mary, dizendo que estava esperando por ele em seu "lugar especial". James sabia que o lugar especial era na cidade de Silent Hill, mas achava estranho o fato de ter recebido uma carta de Mary, já que ela havia morrido há três anos...




Curioso com esse fato ele vai até a cidade, sem saber o que encontrar (na verdade, sem saber o que procurar). Com a abertura percebemos que o jogo possui gráficos muito superiores ao antecessor, por ser feito em uma plataforma melhor. Vemos também que há mais personagens e que as imagens que aparecem não mostram nenhum diálogo. Isso foi proposital para evitar spoilers e as vozes aparecem quando você termina o jogo uma vez e assiste novamente a abertura.


Assim que iniciamos o jogo, vemos que agora há duas escolhas de dificuldade: uma para o jogo em si e outra para os enigmas. Jogar com os enigmas no nível Hard não é tarefa fácil e pode confundir a cabeça de muita gente. Mesmo no nível mais fácil eles contam com poemas e textos aparentemente confusos, que devem ser interpretados da maneira correta para que a resposta (geralmente uma combinação de números) seja encontrada. No mais difícil você suará e exercitará bastante o cérebro para conseguir resolvê-los, mas nada tão difícil que te convença a desistir (o enigma do piano, no primeiro jogo, ainda é o mais difícil).

Os cenários possuem muito mais detalhes, mas continuam sendo naturais, com vegetação, objetos espalhados e placas que indicam (ou não) o caminho. A neblina, que antes foi usada como artifício (até de forma acidental) para disfarçar a falta de Hardware, agora é um elemento físico presente em toda a cidade. O efeito é bem convincente e ajuda a criar a atmosfera de tensão, pois nos priva de um dos sentidos (a visão limitada torna mais tenso o encontro com qualquer coisa no caminho). Além da neblina há também o chamado Noise Effect, que deixa a tela meio chiada em alguns momentos, para indicar o estado mental do personagem. Esse efeito pode ser desativado, caso alguém ache que incomoda.


Ao contrário do primeiro jogo, onde você podia notar que havia a transição para o "outro mundo", em Silent Hill 2 isso não ocorre tão nitidamente. Os cenários não ficam sempre cobertos de ferrugem, mas continuam sendo pesados, destruídos e decadentes. Paredes sujas, salas totalmente desarrumadas, folhas espalhadas pelo chão (algumas com mensagens assustadoras) e locais que são tão marcantes quanto os do primeiro jogo (o Hospital é sempre o meu favorito :D). Aos poucos percebemos que tudo vai ficando cada vez mais opressivo e destruído. As criaturas também não aparecem somente no outro mundo, você verá monstros ainda mais (!) bizarros que antes e isso deixa o clima sempre tenso, pois não é possível saber em que momento eles surgirão.

A lanterna ficou muito mais bem feita, pois os objetos (e criaturas) iluminados por ela projetam uma sombra quase perfeita, com ângulo certo e com uma luminescência muito convincente. É claro, em determinados momentos as cenas são tão perturbadoras que você preferirá deixá-la desligada >:D

Uma das personagens que você encontra é Maria e que, exceto pelas roupas e pelo cabelo, é idêntica a Mary. James fica confuso e abismado com tamanha semelhança, e Maria passa a segui-lo e ajudá-lo a encontrar o lugar especial (e talvez a encontrar Mary?). Você pode protegê-la ou ignorá-la, mas é bom salientar que caso ela morra, você verá a tela (simples mas nada agradável) de Game Over. Os outros personagens continuam seguindo o mesmo estilo: são estranhos e não é revelado muito sobre seu passado ou futuro. Não é uma regra, mas ajuda a nos fazer imaginar e criar teorias.

O rádio está de volta, com a mesma função, mas com som diferente. Você já sabe, quando ele começar a chiar, comece a se preocupar, pois há algum inimigo ao redor.


Para combatê-los você continua contando com objetos comuns (como facas e canos de ferro) e algumas armas de fogo. A mecânica ficou bem mais suave, mas ainda meio travada, mais uma vez justificável pelo fato de James não ser um combatente de guerra ou algo assim. Novamente, você pode escolher entre derrotá-los ou fugir, o que pode ser bastante útil em determinadas situações.

Voltam também os chefes de fase, todos absurdamente bizarros, abstratos e icônicos. Dentre eles está a criatura que virou, simplesmente, o ícone máximo de Silent Hill (sem exagero nenhum): o Pyramid Head. Aparentemente humano, ele possui uma espécie de cone sobre a cabeça e persegue James e Maria incessantemente durante todo o jogo. Os encontros com o Pyramid Head são quase sempre marcados por expressões (do jogador) de horror, medo ou perturbação, e esse é outro elemento marcante (e diferenciado) de Silent Hill 2.

Embora siga a tendência do primeiro jogo de criar uma atmosfera perturbadora com cenários (belamente) destruídos e criaturas distorcidas, a segunda versão usa bastante elementos insinuantes, alguns até de teor sexual, e escatologia moderada. Isso fez com que a censura do jogo subisse um pouco, mas é perfeitamente aceitável uma vez que terminamos o jogo e compreendemos o conteúdo que a história traz. A narrativa às vezes confusa e a história de amor e ao mesmo tempo trágica da busca incansável de James por respostas é cativante e te deixa com vontade de saber logo o desfecho de tudo.

Para acompanhar o jogo temos de volta o mestre Akira Yamaoka, com composições ainda mais perturbadoras (e perturbadas) que antes. A música da abertura, Theme of Laura, é extremamente marcante; junto com ela há várias outras músicas de melodia bonita e que ficam na cabeça por um bom tempo, pois são usadas em momentos memoráveis do jogo (e, acredite, são muitos). Os temas com sons metálicos e distorcidos são constantes e chegam a causar medo por si só. O próprio Akira admite que se superou e afirma que a trilha sonora de Silent Hill 2 é sua favorita. Além das músicas, os efeitos sonoros também são "horrivelmente bem feitos", pois o som que as criaturas emitem chega a um nível visceral dificilmente visto em jogos.

Há um elemento extra na versão de Silent Hill 2 conhecida como Saigo no Uta/Restless Dreams/Director's Cut. É a versão comum, mas com a adição de um cenário onde se joga com Maria, a segunda protagonista, com história própria e que explica um pouco mais a origem da personagem. É um cenário curto, mas ajuda a compreender algumas das dissonâncias que o enredo principal traz.

Novamente combinando cenários, história, músicas, efeitos sonoros, personagens e enigmas marcantes, a Konami acerta em cheio e consegue fazer um jogo tão memorável quanto o primeiro (e considerado por muitos como ainda melhor!). Independente da história de Silent Hill 1, tendo apenas a cidade como elemento comum, com uma história de amor profunda e elementos inesquecíveis, Silent Hill 2 é, arrisco dizer, obrigatório a todo fã de jogos de horror.

FICHA DO JOGO

Título original: Silent Hill 2 (Sairento Hiru 2)

Gênero: Horror Psicológico

Número de jogadores: 1

Lançamento: 25 de Setembro de 2001

Criado, desenvolvido e publicado por: Konami Corporation

Console: PlayStation®2

Outro(s) console(s): XBox, PC, + PlayStation®3 e X360 (na coletânea Silent Hill HD Collection)

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